Associação
Desportiva Vila das Palmeiras
1964-2012
Coluna dos Velhinhos –
Edital ADVP-005/2013
Diário de Bordo do Jaguar do Pantanal
05 a 12 de
abril de 2013
Era sexta-feira do mês de abril de 2013, precisamente no
dia cinco, o Aeroporto Internacional de São
Paulo/Guarulhos - André Franco Montoro,
conhecido popularmente como Aeroporto de Cumbica,
estava todo agitado. É que no saguão de embarque, na ala de vôos domésticos,
estava o pessoal da Divisão de Pesca da Associação Desportiva Vila das Palmeiras, para
mais uma aventura pesqueira em rios pantaneiros. Não sabíamos que havia esse
departamento! Pois tem! E não tem pra ninguém. Voltando ao saguão, os nossos
cabeças de algodão e os cabeças pintadas (cada tintura!) estavam que era só
alegria para embarcar no pássaro de aço rumo a cidade de Cuiabá-MT. Também! Iriam ficar seis dias deslizando
por sobre as águas do Rio Cuiabá e Rio Piqueri,
cercado de matas e savanas, coberto por nuvens intercalando com o azul celeste.
Só tinham que estar nessa alegria. Vôo completado. Aeronave em solo
matogrossense, de posse de suas bagagens, entre um comentário e outro, um
sorriso e um ufa! Nossos amigos saíram do Aeroporto
Internacional Marechal Rondon. Esse nosso Marechal é nome de um Estado,
duas cidades e uma rodovia. Será que foi um ícone no Brasil? Só foi.
Cuiabá, MT é
conhecida com “Cidade Verde”, Capital da Amazônia Meridional.
Fundada em oito de abril de 1719. Tem um clima tropical quente, mas não fica na
área pantaneira.
Há várias versões para a origem do nome "Cuiabá". Uma delas diz que o nome tem
origem na palavra Bororo ikuiapá,
que significa "lugar da ikuia" (ikuia: flecha-arpão flecha para pescar, feita de
uma espécie de cana brava; pá: lugar). O
nome designa uma localidade onde os bororos costumavam caçar e pescar com essa
flecha, no córrego da Prainha, afluente da
esquerda do Rio Cuiabá.
Outra explicação possível é a de que Cuiabá
seria uma aglutinação de kyyaverá (que em
guarani significa "rio da lontra
brilhante") em cuyaverá, depois cuiavá e finalmente Cuiabá.
Há outras versões.
Para segurança do grupo, como sempre quase
acontece, foi enviado uma dupla de batedores que seguiram bem cedo em vôos
distintos para a devida sondagem de terreno. Valha-me meu Santo Antônio do Categero.
Cá pensando com meus botões, e buscando alguns dados do meu acervo, descobri
que esses dois batedores estiveram em uma missão semelhante quando estivemos em
Serra dos Aimorés-MG, em setembro de 2009. Nem
sei por que fui comentar isso. Daquela vez não tínhamos GPS. Bem deixando de
lado esse assunto, vamos dar inicio aos fatos, retratos e lagartos dessa outra
aventura da turma da “Arca de Noé”.
Pernoitamos
em Cuiabá. Afinal esses “velhos guerreiros”
teriam pela frente uma incrível e sacrificante jornada. Ah! Não me digam! Estou
certo que sim. Mas antes, fizeram uma incursão pelas cercanias do hotel onde
ficaram hospedados. O calor era intenso.
E lá foi os sedentos idosos umedecer os rins, de preferência com um chope que
não encharca, pouco. Chegamos ao Presidente Bar
para saciar a sede e amenizar a temperatura corpórea, afinal ninguém é de aço.
Quem além da sede chegou com um apetite foi o nosso amigo Batu. A sede ele saciou, mas a fome lhe rendeu uma
mini-série cujo título era; “O Frango, Saiu?”.
Depois do devido repouso, no sábado,
rumamos de ônibus até o vilarejo de Porto Cercado,
ás margens do Rio Cuiabá, no município de Poconé, MT, no local de embarque. Daí os nossos valorosos, velhinhos, marinheiros e pescadores,
embarcaram no “Jaguar do Pantanal”, para mais
uma aventura, desta vez sobre as águas do Rio Cuiabá,
em território pantaneiro. O Pantanal é o maior
bioma constituído principalmente por savana estépica, alagada, com 250mil km
quadrados de extensão do planeta “Terra”. Isso
é fantástico! Não concordam?
Sem onda, maromba e pitomba, o “Jaguar do Pantanal”, partiu do ancoradouro de Porto Cercado e iniciou seu curso serpenteando parte
dos 980 km de extensão do Rio Cuiabá. Ele
deslizava calmo e sereno, pelo espelho d’água do caudaloso rio. Uau! Sua
velocidade descendo o rio era de 23 nós. (42, 5958 km/h). Subindo o rio era de
13 nós. (24, 0759). Fonte foi o Pica-Pau.
As bagagens dos nossos pescadores variavam
muito. Grandes, pequenas, de couro, de tecido, fora as tralhas de pesca e os
tubos com as varas. Mas um detalhe chamou a atenção. O pessoal estava
desconfiado que em uma das malas estivessem levando rede de arrasto. Não é
permitido! Máquinas fotográficas nem se fala, só não tinha quem não foi. Uns
quatro não levaram as tais ferramentas para fotografar. Até o Magrão atacou de “Lambe
Lambe”, e saiu fotografando com uma xereta. Mas
com a pilha fraca não dá.
Navegamos pelo Rio
Cuiabá, descendo suas águas rumo até a barra do Rio
Piqueri. Nela entramos e subimos contra a correnteza. Quanta água,
quanto verde e que mormaço. Os peixes que se cuidem. O toque da alvorada estava
por conta de cada dupla de pescador. Foi organizada uma competição e instituído
um troféu para quem pescasse o maior peixe. Depois de liderar por 24 horas o
torneio, pescando uma “Cachara” (Pseudoplatystoma
fasciatum) com 1m e 07 cm, o Curão cedeu
o primeiro lugar para o João Parras, que fisgou
um da mesma espécie que media 1m e 15 cm. Festa na arquibancada, clics, flashes
e parabéns. Quando o Magrão debruça na popa do convés
do barco, um “Surubim-Pintado” (Pseudoplatystoma corruscans), com 1m e 47 cm, pesando 25 kg., o estádio
veio abaixo. O Jaguar do Pantanal balançava.
Rojões rasgavam os céus. A imprensa assediava com seus microfones e filmadoras.
Que loucura!
O Magrão e seu
parceiro André já estavam sem forças para
segurar o peixe e posar para as fotos. Todos que chegavam ao barco eram
recepcionados pelos dois. Mandaram fechar o bar e tudo correu por conta do
campeão que alardeava, sorria e brindava mais do que ninguém. E ainda falou-se
que o tal peixe era do tamanho do Ramiro. Pura
maldade. Com isso ouve mudança na liderança do torneio. A TV Poconé agendou uma entrevista em seus estúdios com
o ganhador do “Peixe de Ouro”. A revista “Poconé-News” também queria estampar a foto da dupla
na capa. Tudo vai bem, mas, eis,
porém que de repente... Os
estúdios da “Hanna-Barbera” descobriram que “Dick Vigarista e Muttley” estavam aprontando, e
imediatamente solicitou investigação no caso. Que fiasco da dupla. Mas pelo
menos trouxeram o peixe para degustarmos no alçapão do Curão.
Na verdade, foi uma brincadeira que o Magrão deixou
seguir, fazendo acreditar que ele é quem havia pescado o pintado. Tudo para
agitar e alegrar o pessoal, e que depois confessou a trama. O João Parras, de fato e de direito levou o troféu de
campeão. Parabéns de todos nós. Mas que ficou um pouco frustrado no começo ficou.
Aconteceram fatos estranhos durante a estada
destes “velhos do rio”. Até tijolo conseguiram pescar! E não foi mentira, há
fotos que comprovam o acontecido. Segundo se apurou o tal pescador disse à
nossa reportagem que se pescasse uma telha, montaria uma loja de materiais de
construção ou construiria uma casinha à beira da “Baía
da Cachara”. Fantástico! Será que ele não estava pescando em cima de algum
sitio arqueológico? Ou alguma antiga olaria? Detalhe; só havia um buraco no
tijolo, e o anzol se encaixou nele.
Outro caso que gerou polemica, foi o último
dia em estavam acertando as contas da caxeta. Os caras quase entraram madrugada
adentro tentando resolver as contas e demoraram em chegar a um consenso. Quase
foi preciso contratar um economista para contabilizar os números e fazer bater
débito com crédito. Haja papel e caneta.
Até um “Dourado” foi fisgado com anzol mosquito (para
lambari) e com linha 0, 025 mm. O peixe veio tão mansinho até o seu algoz
pescador, e este se espantou quando viu onde o tal anzol estava preso. Em um
dente cariado do tal peixe. Conversa de pescador. Acredite se quiser. Não
vimos, mas que tinha um pedicuro no barco tinha. Apareceu um bocado pescador com
unha pintada. Que chique! Era só o dedão. Será que é moda? Estou fora!
Na sexta-feira 12 de abril
aportamos em “Porto Cercado”. Já era o final da
viagem de barco. Seguimos do local em ônibus até a “Chapada
dos Guimarães”, que dista uns 62 km de Cuiabá.
Ah! A “Chapada dos Guimarães”! O vale, as escarpas, a cachoeira, a beleza da
paisagem e... Ah! Mosquito fdp. A coceira que um colega nosso adquiriu, não
dava para coçar nem a quatro mãos. Que coisa hein! A Chapada
dos Guimarães tem vários atrativos turísticos: 46 sítios arqueológicos;
dois sítios paleontológicos; 59 nascentes; 487 cachoeiras; 3.300 km² de
Parque Nacional; 2.518 km² de Área de Proteção Ambiental; duas reservas
estaduais; dois parques municipais; duas estradas-parque; 157 km de
paredões; 42 imóveis tombados pelo Iphan; 38 espécies endêmicas.
Já em Cuiabá,
embarcamos às 18h40min, com destino a São Paulo.
Pescadores, malas, tralhas e fornalhas foram devidamente acomodadas na aeronave
e Guarulhos nos aguarda. Duas horas de vôo e cá
estamos nós em terra firme. Depois de pegar as bagagens e nos despedirmos, cada
um tomou seu rumo e, os peixes? Que fazer? Não demora muito e conforme acertado
a viatura de coleta vem até o aeroporto, pilotada pelo seu intrépido e
prestimoso piloto Manézinho, chega ao local
solicitado e Vapt. Vupt. A carga segue para o freezer da Castro Alves. Isso é
que é eficiência. Não sabíamos que a “Turma da Arca de Noé” tem um serviço de coleta de peixes. É
a “Fish & Fish” serviço personalizado e
rápido no transporte de peixes.
O nosso intrépido, explorador, navegador “Sir Charoles James Cook”, dividiu com o nosso amigo Camargo, a paciência e a responsabilidade de orientar
e cuidar dos nossos velhinhos. E o estatuto do idoso, não conta? Nossos idosos são estáveis, confortáveis e
responsáveis. Estavam em boas mãos. Fizeram parte da nossa turma às seguintes
pessoas; Camargo, Arno,
Gerson, Magrão, Sidney, Cenedrim, Wilson, Ramiro, Curão, André, Batu, João
Parras, Edgard, Flávio, Valdir, Carlinhos, Celso, Cilinho, Wagner, Edu, Tadeu e
Hugo.
Com uma fauna de peixes bem
diversificada, dá até para batizar as duplas de cada “voadeira”;
Cará e Curimbatá, Dourado e Pintado, Pequira e Palmito, Jaú e Pacu, Botoado e
Barbado, Cachorra e Cachara, Piraputanga e Jurupencém, Piau e Armau, Jurupoca e Matrinxã, Arraia e Piranha.
Vocês se deram conta da beleza do
nosso planeta Terra! Das belezas naturais e
também das edificadas e modificadas pelo homem? Há construções que são
“tombadas” e viram patrimônio da humanidade. Pois bem, o “Condephaat”, ainda irá tombar os velhinhos da Associação Desportiva Vila das Palmeiras. Não vai demorar muito.
Não podemos deixar de agradecer a
Deus, nosso Supremo Criador pela oportunidade da viagem a nós oferecida e
aproveitada com paz, serenidade, harmonia e respeito ao nosso próximo e a
natureza. E também a todos que estiveram no Jaguar do
Pantanal nos servindo.
A imensidão do verde, o volume
d’água, e o infinito do céu, é algo surpreendente que extasia, e nos mostra de
como esse nosso planeta é muito, mas muito especial. Detalhe; você faz parte
dele. Conserve-o.
O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na
intensidade em que elas acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. (Fernando Pessoa)
A sabedoria da
natureza é tal que não produz nada de supérfluo ou inútil.
(Nicolau
Copérnico)
Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se
cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e
ninguém morreria de fome. (Mahatma Gandhi)
Dick
Vigarista e Muttley “ A Turma da Arca de Noé no Jaguar do Pantanal”
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