segunda-feira, 10 de junho de 2013

Diário de Bordo do Jaguar do Pantanal - 05 a 12 de abril de 2013.

Associação Desportiva Vila das Palmeiras
                                                                          1964-2012
Coluna dos Velhinhos – Edital ADVP-005/2013

   Diário de Bordo do Jaguar do Pantanal

05 a 12 de abril de 2013

            Era sexta-feira do mês de abril de 2013, precisamente no dia cinco, o Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos - André Franco Montoro, conhecido popularmente como Aeroporto de Cumbica, estava todo agitado. É que no saguão de embarque, na ala de vôos domésticos, estava o pessoal da Divisão de Pesca da Associação Desportiva Vila das Palmeiras, para mais uma aventura pesqueira em rios pantaneiros. Não sabíamos que havia esse departamento! Pois tem! E não tem pra ninguém. Voltando ao saguão, os nossos cabeças de algodão e os cabeças pintadas (cada tintura!) estavam que era só alegria para embarcar no pássaro de aço rumo a cidade de Cuiabá-MT. Também! Iriam ficar seis dias deslizando por sobre as águas do Rio Cuiabá e Rio Piqueri, cercado de matas e savanas, coberto por nuvens intercalando com o azul celeste. Só tinham que estar nessa alegria. Vôo completado. Aeronave em solo matogrossense, de posse de suas bagagens, entre um comentário e outro, um sorriso e um ufa! Nossos amigos saíram do Aeroporto Internacional Marechal Rondon. Esse nosso Marechal é nome de um Estado, duas cidades e uma rodovia. Será que foi um ícone no Brasil? Só foi.   
            Cuiabá, MT é conhecida com “Cidade Verde”, Capital da Amazônia Meridional. Fundada em oito de abril de 1719. Tem um clima tropical quente, mas não fica na área pantaneira.
            Há várias versões para a origem do nome "Cuiabá". Uma delas diz que o nome tem origem na palavra Bororo ikuiapá, que significa "lugar da ikuia" (ikuia: flecha-arpão flecha para pescar, feita de uma espécie de cana brava; : lugar). O nome designa uma localidade onde os bororos costumavam caçar e pescar com essa flecha, no córrego da Prainha, afluente da esquerda do Rio Cuiabá. Outra explicação possível é a de que Cuiabá seria uma aglutinação de kyyaverá (que em guarani significa "rio da lontra brilhante") em cuyaverá, depois cuiavá e finalmente Cuiabá. Há outras versões.
            Para segurança do grupo, como sempre quase acontece, foi enviado uma dupla de batedores que seguiram bem cedo em vôos distintos para a devida sondagem de terreno. Valha-me meu Santo Antônio do Categero. Cá pensando com meus botões, e buscando alguns dados do meu acervo, descobri que esses dois batedores estiveram em uma missão semelhante quando estivemos em Serra dos Aimorés-MG, em setembro de 2009. Nem sei por que fui comentar isso. Daquela vez não tínhamos GPS. Bem deixando de lado esse assunto, vamos dar inicio aos fatos, retratos e lagartos dessa outra aventura da turma da “Arca de Noé”.
            Pernoitamos em Cuiabá. Afinal esses “velhos guerreiros” teriam pela frente uma incrível e sacrificante jornada. Ah! Não me digam! Estou certo que sim. Mas antes, fizeram uma incursão pelas cercanias do hotel onde ficaram hospedados.  O calor era intenso. E lá foi os sedentos idosos umedecer os rins, de preferência com um chope que não encharca, pouco. Chegamos ao Presidente Bar para saciar a sede e amenizar a temperatura corpórea, afinal ninguém é de aço. Quem além da sede chegou com um apetite foi o nosso amigo Batu. A sede ele saciou, mas a fome lhe rendeu uma mini-série cujo título era; “O Frango, Saiu?”.
            Depois do devido repouso, no sábado, rumamos de ônibus até o vilarejo de Porto Cercado, ás margens do Rio Cuiabá, no município de Poconé, MT, no local de embarque. Daí os nossos valorosos, velhinhos, marinheiros e pescadores, embarcaram no “Jaguar do Pantanal”, para mais uma aventura, desta vez sobre as águas do Rio Cuiabá, em território pantaneiro. O Pantanal é o maior bioma constituído principalmente por savana estépica, alagada, com 250mil km quadrados de extensão do planeta “Terra”. Isso é fantástico! Não concordam?
            Sem onda, maromba e pitomba, o “Jaguar do Pantanal”, partiu do ancoradouro de Porto Cercado e iniciou seu curso serpenteando parte dos 980 km de extensão do Rio Cuiabá. Ele deslizava calmo e sereno, pelo espelho d’água do caudaloso rio. Uau! Sua velocidade descendo o rio era de 23 nós. (42, 5958 km/h). Subindo o rio era de 13 nós. (24, 0759). Fonte foi o Pica-Pau.
1 = 1 milha náutica/hora = 1852 metros/hora = 1, 852 quilômetros/hora.
            As bagagens dos nossos pescadores variavam muito. Grandes, pequenas, de couro, de tecido, fora as tralhas de pesca e os tubos com as varas. Mas um detalhe chamou a atenção. O pessoal estava desconfiado que em uma das malas estivessem levando rede de arrasto. Não é permitido! Máquinas fotográficas nem se fala, só não tinha quem não foi. Uns quatro não levaram as tais ferramentas para fotografar. Até o Magrão atacou de “Lambe Lambe”, e saiu fotografando com uma xereta. Mas com a pilha fraca não dá.
            Navegamos pelo Rio Cuiabá, descendo suas águas rumo até a barra do Rio Piqueri. Nela entramos e subimos contra a correnteza. Quanta água, quanto verde e que mormaço. Os peixes que se cuidem. O toque da alvorada estava por conta de cada dupla de pescador. Foi organizada uma competição e instituído um troféu para quem pescasse o maior peixe. Depois de liderar por 24 horas o torneio, pescando uma “Cachara” (Pseudoplatystoma fasciatum) com 1m e 07 cm, o Curão cedeu o primeiro lugar para o João Parras, que fisgou um da mesma espécie que media 1m e 15 cm. Festa na arquibancada, clics, flashes e parabéns. Quando o Magrão debruça na popa do convés do barco, um “Surubim-Pintado” (Pseudoplatystoma corruscans), com 1m e 47 cm, pesando 25 kg., o estádio veio abaixo. O Jaguar do Pantanal balançava. Rojões rasgavam os céus. A imprensa assediava com seus microfones e filmadoras. Que loucura!
            O Magrão e seu parceiro André já estavam sem forças para segurar o peixe e posar para as fotos. Todos que chegavam ao barco eram recepcionados pelos dois. Mandaram fechar o bar e tudo correu por conta do campeão que alardeava, sorria e brindava mais do que ninguém. E ainda falou-se que o tal peixe era do tamanho do Ramiro. Pura maldade. Com isso ouve mudança na liderança do torneio. A TV Poconé agendou uma entrevista em seus estúdios com o ganhador do “Peixe de Ouro”. A revista “Poconé-News” também queria estampar a foto da dupla na capa. Tudo vai bem, mas, eis, porém que de repente... Os estúdios da “Hanna-Barbera” descobriram que “Dick Vigarista e Muttley” estavam aprontando, e imediatamente solicitou investigação no caso. Que fiasco da dupla. Mas pelo menos trouxeram o peixe para degustarmos no alçapão do Curão. Na verdade, foi uma brincadeira que o Magrão deixou seguir, fazendo acreditar que ele é quem havia pescado o pintado. Tudo para agitar e alegrar o pessoal, e que depois confessou a trama. O João Parras, de fato e de direito levou o troféu de campeão. Parabéns de todos nós. Mas que ficou um pouco frustrado no começo ficou.
            Aconteceram fatos estranhos durante a estada destes “velhos do rio”. Até tijolo conseguiram pescar! E não foi mentira, há fotos que comprovam o acontecido. Segundo se apurou o tal pescador disse à nossa reportagem que se pescasse uma telha, montaria uma loja de materiais de construção ou construiria uma casinha à beira da “Baía da Cachara”. Fantástico! Será que ele não estava pescando em cima de algum sitio arqueológico? Ou alguma antiga olaria? Detalhe; só havia um buraco no tijolo, e o anzol se encaixou nele.
            Outro caso que gerou polemica, foi o último dia em estavam acertando as contas da caxeta. Os caras quase entraram madrugada adentro tentando resolver as contas e demoraram em chegar a um consenso. Quase foi preciso contratar um economista para contabilizar os números e fazer bater débito com crédito. Haja papel e caneta.
            Até um “Dourado” foi fisgado com anzol mosquito (para lambari) e com linha 0, 025 mm. O peixe veio tão mansinho até o seu algoz pescador, e este se espantou quando viu onde o tal anzol estava preso. Em um dente cariado do tal peixe. Conversa de pescador. Acredite se quiser. Não vimos, mas que tinha um pedicuro no barco tinha. Apareceu um bocado pescador com unha pintada. Que chique! Era só o dedão. Será que é moda? Estou fora!
            Na sexta-feira 12 de abril aportamos em “Porto Cercado”. Já era o final da viagem de barco. Seguimos do local em ônibus até a “Chapada dos Guimarães”, que dista uns 62 km de Cuiabá. Ah! A “Chapada dos Guimarães”!  O vale, as escarpas, a cachoeira, a beleza da paisagem e... Ah! Mosquito fdp. A coceira que um colega nosso adquiriu, não dava para coçar nem a quatro mãos. Que coisa hein! A Chapada dos Guimarães tem vários atrativos turísticos: 46 sítios arqueológicos; dois sítios paleontológicos; 59 nascentes; 487 cachoeiras; 3.300 km² de Parque Nacional; 2.518 km² de Área de Proteção Ambiental; duas reservas estaduais; dois parques municipais; duas estradas-parque; 157 km de paredões; 42 imóveis tombados pelo Iphan; 38 espécies endêmicas.
            Já em Cuiabá, embarcamos às 18h40min, com destino a São Paulo. Pescadores, malas, tralhas e fornalhas foram devidamente acomodadas na aeronave e Guarulhos nos aguarda. Duas horas de vôo e cá estamos nós em terra firme. Depois de pegar as bagagens e nos despedirmos, cada um tomou seu rumo e, os peixes? Que fazer? Não demora muito e conforme acertado a viatura de coleta vem até o aeroporto, pilotada pelo seu intrépido e prestimoso piloto Manézinho, chega ao local solicitado e Vapt. Vupt. A carga segue para o freezer da Castro Alves. Isso é que é eficiência. Não sabíamos que a “Turma da Arca de Noé” tem um serviço de coleta de peixes. É a “Fish & Fish” serviço personalizado e rápido no transporte de peixes.
           O nosso intrépido, explorador, navegador “Sir Charoles James Cook”, dividiu com o nosso amigo Camargo, a paciência e a responsabilidade de orientar e cuidar dos nossos velhinhos. E o estatuto do idoso, não conta?  Nossos idosos são estáveis, confortáveis e responsáveis. Estavam em boas mãos. Fizeram parte da nossa turma às seguintes pessoas; Camargo, Arno, Gerson, Magrão, Sidney, Cenedrim, Wilson, Ramiro, Curão, André, Batu, João Parras, Edgard, Flávio, Valdir, Carlinhos, Celso, Cilinho, Wagner, Edu, Tadeu e
Hugo.
            Com uma fauna de peixes bem diversificada, dá até para batizar as duplas de cada “voadeira”; Cará e Curimbatá, Dourado e Pintado, Pequira e Palmito, Jaú e Pacu, Botoado e Barbado, Cachorra e Cachara, Piraputanga e Jurupencém, Piau e Armau, Jurupoca e Matrinxã, Arraia e Piranha.
            Vocês se deram conta da beleza do nosso planeta Terra! Das belezas naturais e também das edificadas e modificadas pelo homem? Há construções que são “tombadas” e viram patrimônio da humanidade. Pois bem, o “Condephaat”, ainda irá tombar os velhinhos da Associação Desportiva Vila das Palmeiras. Não vai demorar muito.
            Não podemos deixar de agradecer a Deus, nosso Supremo Criador pela oportunidade da viagem a nós oferecida e aproveitada com paz, serenidade, harmonia e respeito ao nosso próximo e a natureza. E também a todos que estiveram no Jaguar do Pantanal nos servindo.      
            A imensidão do verde, o volume d’água, e o infinito do céu, é algo surpreendente que extasia, e nos mostra de como esse nosso planeta é muito, mas muito especial. Detalhe; você faz parte dele. Conserve-o.

O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade em que elas acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. (Fernando Pessoa)
                        
 A sabedoria da natureza é tal que não produz nada de supérfluo ou inútil.
                                                                 (Nicolau Copérnico)

Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.                                     (Mahatma Gandhi)
                                                                 

Dick Vigarista e Muttley     “ A Turma da Arca de Noé no Jaguar do Pantanal”    

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